Anúncios de televisão para alimentos com alto teor de açúcar ou gordura podem influenciar o excesso de peso

A revista Pediatrics publicou um estudo chamado 'Características do uso de mídia de tela associado ao maior IMC em adolescentes jovens' há alguns meses. Pretendeu-se estudar a relação entre uso de televisão e aumento da massa corporal em adolescentes.

O principal responsável pela pesquisa realizada pelo Hospital Infantil de Boston é o Dr. David Bickhan, que destaca que a chave está na atenção que meninos e meninas prestam à tela. A grande quantidade de anúncios de alimentos com excesso de gorduras e açúcar, pode estar influenciando os hábitos alimentares dos mais jovens. Mas a TV também incentiva um hábito doentio sobre o qual falamos no passado neste post sobre a regulamentação das refeições em crianças. Se trata de 'coma sem prestar atenção' quando família, comida e televisão coexistem (um hábito inadequado) na hora das refeições. Muitas vezes, evita prestar atenção ao que colocamos na boca e pode até influenciar não percebemos os sinais que o corpo envia para indicar que 'basta'.

Porém, na televisão e em seus anúncios, o controle pode ser exercido e deve-se estudar como os anúncios de saúde pública podem neutralizar a influência da exposição aos supostos 'benefícios' dos alimentos hipercalóricos. Não sei se existem códigos de regulamentação nos Estados Unidos e em que medida as empresas os cumprem, embora tenha certeza de que também ajudaria a um maior compromisso da indústria.

Os participantes do estudo não observaram a relação entre exposição na tela e sobrepeso ou obesidade ao falar de computadores ou consoles. Embora outros especialistas prefiram ser mais cautelosos, é o caso do dr. David Katz, diretor do Centro de Pesquisa em Prevenção da Universidade de Yale, que não está muito confiante e é a favor de ser mais cauteloso ao fazer essas declarações.

Dimitri Christakis é professor de Pediatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Washington e ressalta que eles geralmente falam sobre o monitoramento do tempo de exposição das crianças à televisão, mas não é tão frequente prestar atenção ao conteúdo. Afirma que, nesse assunto, somos sedentários não é a causa, porque, quando lemos, também estamos quietos, e não ocorre a ninguém dizer que a leitura leva à obesidade. Obviamente, refere-se ao estilo de vida sedentário na frente da tela, porque geralmente é aconselhável realizar atividades físicas semanais.

Devo ressaltar que esta pesquisa foi realizada com um grupo muito pequeno (91) de adolescentes entre 13 e 15 anos, que fizeram anotações a pedido da equipe responsável. A principal conclusão foi que a quantidade de atenção dada à televisão está relacionada ao peso.

Eu acho que mais importante do que conhecer os resultados da pesquisa, é refletir sobre a influência da televisão no desenvolvimento das crianças e perceber que a gestão do tempo é tão importante quanto a minimização do impacto de conteúdos relacionados a alimentos não saudáveis. Ou, pelo menos, estar presente quando crianças (até crianças pequenas) assistem televisão, para poder monitorar o que vêem e ajudar na aquisição de espírito crítico.

E lembre-se sempre do poder do nosso exemplo, que atua como modelo (em termos de alimentação saudável), modelos e guias que são movidos pelo amor de crianças e que também inclui esforços para ter boa saúde no futuro.